terça-feira, 14 de junho de 2011

PRATOS NACIONAIS

Mulher pelada no carnaval, Pelé e samba. Estas eram, até muito pouco tempo atrás, as referências do Brasil para o resto do globo. Com o ingresso do país no universo dos “países importantes”, o mundo, curioso, descobriu outras peculiaridades de nossa cultura, tais como: nosso futebol já não é mais o mesmo, nossa música vai além, bilhares de ano-luz além do samba (obrigado, Sérgio Mendes, Ivan Lins, Vinícius, Jobim, Naná Vasconcelos e outros tantos...), o carnaval continua ótimo, continuamos sendo um povo alegre e festeiro e possuímos, quem diria, uma gastronomia rica, diversificada e única.
Nosso prato nacional é a feijoada, com toda (ou quase) justiça. O “continente” brasileiro é enorme, e a feijoada não representa todas as regiões do pais, como a gastronomia paraense ou amazônica, para ficar apenas na região Norte. Mas não há como negar que foi a feijoada que ganhou o mundo, talvez puxada pela locomotiva “Caipirinha”, esta sim totalmente identificada com o Brasil e consumida em todo o planeta. E, honestamente, se você recebe um amigo estrangeiro e este lhe pergunta qual o prato típico do seu país, qual prato você responde?
Pois é a resposta a esta pergunta que define o prato nacional de um país. Provar a gastronomia local dos lugares por onde passamos é a parte, sem trocadilhos, mais gostosa das viagens. Então, se você está com a mochila nas costas ou de malas prontas, lembre-se de perguntar aos moradores de cada região visitada qual o prato que melhor representa aquela localidade. E prove, seja lá qual for. Não é necessário, contudo, provar espetinhos de gafanhotos na China, cérebro de macaco no Japão ou cachorro assado na Coréia do Sul. Cada um tem seu limite, afinal. Descubra o seu e amplie-o, se possível.
Achou bonito? Que tal um cérebro de macaco para o almoço?
Vou listar alguns pratos nacionais que você pode comer sem medo:
v  Goulash, Hungriaè trata-se de um ensopado de carne (às vezes usa-se músculo), vegetais, pimentas e cebolas roxas. No final da década de 1800, quando os húngaros buscavam símbolos que os diferenciassem dos parceiros no Império Austro-Húngaro, o goulash foi eleito o prato nacional e desde então é reconhecido como tal.
Goulash
v  Ensopado de carneiro, Irlandaè a carne de carneiro é cozida lentamente com cebola, batata e salsa, formando um caldo grosso, em sua versão original. Dourar a carne antes e a adição de cenouras são costumes recentes que não comprometem o delicioso sabor do prato.
Ensopado de carneiro
v  Bulgogi, Coréiaè fatias finas de carne bovina de primeira são imersas em uma marinada que contém molho de soja, óleo de gergelim, gengibre, cebola, alho, açúcar e vinho. Essas fatias são posteriormente grelhadas e servidas enroladas em folhas de espinafre ou de alface. O acompanhamento é o kimchi, uma conserva de legumes fermentados.
Bulgogi
v  Quibe, Líbano/Síriaè esse você conhece. Carne de carneiro (originalmente) moída, trigo e muitas especiarias e temperos. Pode ser frito, assado, fervido ou recheado, mas nada se iguala ao sabor do quibe servido cru. No norte da Síria, em Aleppo, já há quem tempere a carne com romã e suco de cereja.
Quibe cru
v  Hambúrguer, Estados Unidosè mais um conhecido seu. A versão original pode ser encontrada em uma lanchonete que funciona desde 1900, o Louis’ Lunch, em New Haven, Connecticut. O local reivindica para si o título de mais antigo restaurante de hambúrguer dos EUA. Há controvérsias sobre a origem do hambúrguer? Sim, há. Mas a popularidade e identificação do hambúrguer com o povo americano tornaram este o prato predileto de titio Sam.
v  Wiener schnitzel, Áustriaè de origens italianas, é prato nacional da Áustria e o representante principal de sua gastronomia. São escalopes de vitela batidos, empanados e fritos rapidamente, servido fresco. É geralmente servido com salsinha e fatias de limão, acompanhado de salada de batatas.
Wiener schnitzel
v  Akee com bacalhau, Jamaicaè na terra de Bob Marley, uma intrigante fruta com sabor de noz e muito nutritiva integra o prato nacional. O akee faz parte da identidade cultural da Jamaica, e era consumido tradicionalmente pelos escravos. Neste prato, ele é salteado junto com bacalhau salgado, cebola e tomate. Em alguns locais, é servido em cima de bolinhos de mandioca fritos por imersão acompanhado de bananas fritas. Se você estiver em Treasure Beach, vá ao Jake’s, peça o famoso akee com bacalhau e aproveite as aulas de culinária oferecidas no local.

O akee
Enfim, cada país possui seu orgulho gastronômico, aquele pelo qual o seu nome viaja o mundo em feiras gastronômicas e exposições temáticas. Conhecer esses pratos e, melhor ainda, prová-los em seus locais de origem, é fascinante. A gastronomia regional é parte integrante da cultura de cada povo, revela quais os ingredientes mais apreciados, os alimentos mais abundantes, os produtos da terra e outros levados por colonizadores e/ou invasores. É a mais saborosa aula de história, sociologia e geografia que você pode desejar. Boa aula e bom apetite!

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