No último dia 26 de maio, estive presente em um daqueles eventos que valem toda uma história para contar. O Restaurante Barbaresco do Vale Sul Shopping recebeu em suas instalações alguns chefs de cozinha para uma premiação de um concurso em que minha esposa, entre outros chefs convidados, foi jurada. Outro chef convidado para a ocasião foi o chef Marco Antônio, antigo cliente de minha lanchonete em Campos do Jordão e que, anos depois, foi meu professor na faculdade de gastronomia. Que mundo enorme, não? Encontrá-lo no evento foi mais um motivo de satisfação. As categorias eram três: melhor salgado, melhor doce e melhor “festa”.
A Chef Lili, jurada do concurso |
Até aí nada de novo, afinal são vários os concursos culinários hoje em dia (ainda bem, porque eu adoro e até já participei de um – não, não ganhei, mas cheguei na final...) e minha esposa, permitam-me dizer, já foi jurada de muitos deles, inclusive da edição especial Comer & Beber da Revista Veja. Portanto, poderia ser mais uma daquelas noites com grandes chefs, muito deles com o ego nas alturas e um belo jantar no final. Tudo isso, realmente, esteve presente: grandes chefs, egos inflados e um delicioso jantar no final. Mas algo foi diferente, muito diferente do que costumam ser essas noites...Quer saber qual foi a diferença?
O local do evento, Restaurante Barbaresco Vale Sul Shopping |
Chef Lili e chef Marco Antônio |
Uma dica: os patrocinadores do concurso eram, além do próprio do Restaurante Barbaresco, uma loja de brinquedos chamada Chic Toys. Já deu prá sacar, né? Ainda não?!? O nome do concurso era “Mini Chef”. Agora você sacou, não? Pois é: os participantes eram crianças de 4 a 12 anos, e lá estavam os três mini-vencedores, cada qual em sua categoria. E, claro, seus familiares, possuidores dos tais “egos inflados” citados anteriormente. Vamos dar nomes aos “Mini Chefs” consagrados: na categoria “melhor festa”, ganhou Eduarda Morita, com seu inusitado “Caracol Colorido” (pão de forma com pasta de beterraba, alface e maionese, enrolados como rocambole, cortados e espetados no palito). Na categoria “melhor salgado”, o vencedor foi Maurício de Andrade e Silva Maganha, com o saudável “Espaguete Vegetariano à Mauricio” (espaguete com um molho muito semelhante ao putanesca, porém sem o aliche, e sem o nome comprometedor...). Finalmente, abocanhando o prêmio na categoria “Melhor Doce”, João Pedro Osses Sala, com o delicioso “Muffin de Banana”.
O início do evento, cheio de espectativas |
A criançada, cozinhando e se divertindo |
Cada "Mini-Chef" explicou, quase direitinho, sua receita... |
Foi uma noite divertidíssima e, porque não dizer, “fofa”. Os pequenos chefs ganharam, entre outros prêmios, aventais e chapéus de cozinheiro, e apresentaram suas receitas em meio a um tiroteio de flashes (entre eles, o da minha máquina), dando ao evento ares da importância que ele realmente merecia. Entre jornalistas, parentes, patrocinadores e “Big Chefs”, a criançada se divertiu a valer.
Reparem no "Mini-Chef" abocanhando seu muffin...descontração deliciosa! |
Não dá para dizer ao certo que as receitas eram criação dos eleitos “Mini Chefs” (na verdade, acho difícil que não tenha havido uma “forcinha” das mamães e dos papais), mas achei a iniciativa sensacional. Criar o gosto pela gastronomia desde bem pequeno é importante, ainda mais se valorizarmos (como foi o caso) o aspecto saudável da comida. Fico imaginando essas três crianças vencedoras em seus colégios, na hora do recreio:
_Você quer comer um hambúrguer na cantina? – pergunta o amiguinho.
_Não, vou comer o espaguete vegetariano que eu mesmo fiz!! Se você quiser eu te ensino...- responde o “Mini Chef”, orgulhoso.
_Vamos comer uma bolacha recheada?
_Prá quê?!? Eu trouxe meu próprio muffin de banana, quer provar?
_Quer um pedaço de coxinha frita?
_Eu não!! Eu tenho esse delicioso “caracol colorido”, que trouxe de casa. Muito mais gostoso e saudável! Não conhece?
_Não!
_Claro, fui eu que inventei!
Sabe como são as crianças...
Parabéns aos organizadores pelo evento, pela iniciativa e pelo sucesso alcançado. Eu me diverti bastante, mais até do que naquelas noites de gala, cheias de pompa e, às vezes, entediantes. Fica a proposta: se você tem crianças em casa, tente criar nelas esse costume de cozinhar sua própria comida, escolhendo ingredientes saudáveis e apetitosos, fazendo experiências culinárias, conhecendo novos sabores. Quem sabe não está aí, bem ao seu lado, um futuro grande chef? Não precisa nem chegar a tanto, qualquer esforço nesse sentido já terá valido a pena!
No meu tempo de criança, minha mãe dizia que as mulheres admiravam homens que sabiam dançar, e eu fiz aulas de dança de salão. Hoje, é inegável o charme que desperta nas mulheres um homem que saiba cozinhar...ou será que estou enganado esse tempo todo?!? Quem sabe é por aí que você consiga convencer seu filho a passar um tempinho na cozinha? Se, por outro lado, você tiver uma filha em casa, nem preciso dizer que, ainda hoje, vocês mulheres nos conquistam – também – pelo estômago. Mãos à obra, fornos e fogões ligados, produtos à mesa, ação!! Mas lembre-se: para criança cozinhar, todo cuidado é pouco, e SEMPRE deve haver um adulto por perto, certo?