quarta-feira, 19 de junho de 2013

AUSTRÁLIA GOURMET

Depois do Japão, a segunda seleção de futebol a se classificar para a Copa do Mundo em terras tupiniquins em 2014 foi a seleção australiana (até o momento que escrevo estas linhas, seleções campeãs mundiais como Argentina, Uruguai, França, Inglaterra, Espanha, Alemanha e Itália ainda não carimbaram o passaporte para nossa Copa Tropical. Questão de tempo, imagino...). E, sendo a Austrália um dos destinos turísticos mais procurados pelos brasileiros, resolvi escrever um texto com algumas dicas de lugares que você precisa conhecer se o seu destino de férias (ou de trabalho, por que não?) for o maior país da Oceania. E que país!
Ultrapassando a barreira dos 5 milhões de habitantes, Sidney é a maior cidade da Austrália (atenção: Sydney NÃO é a capital do país, e sim Camberra. Já me dei mal com uma questão assim num vestibular...) e, como não poderia de ser, oferece uma gastronomia multicultural e fantástica. Restaurantes excelentes se espalham por toda a capital australiana, todavia os melhores se concentram no distrito comercial central, em The Rocks, perto do Cais Circular e no Opera House. Paraíso gastronômico, seus chefs têm em mãos os melhores ingredientes do mundo, como carne proveniente de bovinos alimentados à base de grãos e pasto, cordeiros, aves caipiras, jacarés e, claro, cangurus. Mas, sem dúvida, a marca gastronômica local são os frutos do mar.
Comece seu roteiro gastronômico visitando o Mercado de Peixes de Sidney, em Pyrmont (www.sydneyfishmarket.com.au), que vende peixes e frutos do mar provenientes de toda a Austrália. Obrigatórias são as excursões matinais ao local que acontece às segundas e terças-feiras (é necessário fazer reservas), e ao mercado de leilão holandês. Prove as ostras de Sydney (conhecidas como ostras-da-pedra), os balmain bug (lagostins), as caranhas (caranguejos australianos) e o salmão do Atlântico. No mercado você encontra restaurantes simples e deliciosos de frutos do mar, e uma escola de culinária onde as aulas são ministradas por chefs locais e internacionais.
Nos arredores da ponte do porto de Sydney está o distrito The Rocks, onde você encontrará um restaurante que é referência em frutos do mar há mais de três décadas. Trata-se do Rockpool, do chef Neil Perry (www.rockpool.com). Por ali você também encontra o restaurante Pier (www.pierrestaurant.com.au), que serve, com criatividade e delicadeza, pratos à base de caranguejos, ostras, vieiras e frutos do mar em geral. Prove a lagosta assada com limão kaffir e manjericão e, para completar a experiência, peça um autêntico vinho branco australiano. Se você quiser ousar um pouco mais e degustar uma culinária mais “moderna”, vá ao Tetsuya’s, na rua Kent (www.tetsuyas.com), conhecido por unir ingredientes japoneses preparados segundo a tradição francesa. Imperdível ali é o confit de truta Petuna servido de konbu (alga) e erva-doce. Na praia de Frenchmans, na baía Botany (nos bairros do leste), você poderá provar uma refeição mais simples e tradicional, mas igualmente deliciosa, como o clássico peixe com fritas. Para acompanhar, o pôr do sol do outro da baía tornará sua experiência perfeita e inesquecível.
Salmão servido no Tetsuya's. Belo e saboroso!
Ainda em Sidney, outra parada obrigatória é a Glacé, famosa por suas sobremesas de vanguarda preparadas com sorvete. Entre os ingredientes utilizados, você encontra pétalas de rosa, fava de baunilha, pistache com morango e chocolate belga. Não dá para ser melhor! A Glacé fica na rua Marion, 27, no bairro de Leichhardt. (www.glace.com.au)
Em Melbourne, cidade construída a partir de sucessivas levas de imigrantes gregos, chineses, croatas, italianos, vietnamitas, indianos e libaneses, entre outros, você encontrará mais um paraíso para qualquer apaixonado por gastronomia: o Mercado Queen Victoria (www.qvm.com.au). Alojado numa série de construções antigas no centro da cidade desde 1878, nele podem ser encontradas delicatessens de altíssima qualidade – com bons preços -, e produtos frescos em seus estandes, como queijos, frutas, vegetais, doces e vinhos. O mercado abre às terças-feiras e de quinta à domingo. Verifique os horários e reserve com antecedência uma “turnê” pelo mercado, que dura duas horas e vale bastante a pena. A principal área de comida fica situada no quarteirão entre a Elizabeth Street e a Queen Street. O que você não pode perder ao visitar o Mercado Queen Victoria:
·         O Deli Hall (também chamado de Dairy Produce Hall) é a parte mais aromática do mercado. São dezessete delicatessens e estandes dedicados ao pão, azeite de oliva, queijos, vinhos, massas e café. É a parte favorita entre os visitantes do mercado;
·         A Food Court é o local onde você pode fazer uma refeição mais consistente ou um lanche rápido, e também levar a comida para viagem;
·         O Meet Hall é onde você vai encontrar os açougues e as peixarias, todas de excelente qualidade e
·         A Elizabeth Street Shops, um encantador trecho do mercado repleto de cafés gourmets e vendedores em geral.
Também em Melbourne está localizado o Colonial Tramcar. Trata-se de uma empresa fundada em 1983, que resolveu montar seus restaurantes em elegantes bondes vermelhos das décadas de 1920 a 1940. São revestidos com cobre e veludo e passeiam (com jantares formais incluídos) pelos bairros e pelo centro da cidade. A carne de canguru é destaque no cardápio e, dependendo de quanto você quer jantar, o menu (a preço fixo) oferece três, quatro ou cinco pratos, com bebida incluída. A dica é reservar com meses de antecedência e vestir-se com elegância. (www.tramrestaurant.com.au)
Você não pode sair de Melbourne sem antes conhecer o Titanic Theatre Restaurant. Seu slogan? “O único lugar do mundo onde sua noite tem a garantia de ser um desastre.” Achou estranho? Mas é fantástico! O restaurante recria o último jantar a bordo do Titanic e, vestidos apropriadamente (há serviço de aluguel de trajes), os passageiros, ou melhor, os convivas podem acomodar-se na primeira classe, na terceira ou na mesa do capitão. O Titanic Theatre Restaurant abre aos sábados, fica em Williamstown, a 30 minutos de trem da estação Flinders Street. Para manter o espírito, artistas e músicos não deixam seu jantar naufragar. (www.titanic.com.au)
O restaurante Titanic: sua noite será um desastre, e você vai gostar!
Parte da "tripulação" do Titanic em ação. Descontração e boa comida.
A Chinatown de Manhattan, em Nova York, Estados Unidos, é com certeza o bairro chinês fora da China mais conhecido em todo o mundo (mais até do que os bairros chineses dentro da própria China – ou você sabe me citar algum bairro originalmente chinês?!?). Mas existem Chinatowns em diversas partes do planeta - Vancouver, Havana, Cingapura, São Francisco, Londres, Manchester, Jacarta, entre outras cidades. Na Austrália, você encontra uma espetacular Chinatown em Brisbane . Não é a maior nem a mais antiga Chinatown do mundo, mas é a que oferece, talvez, a maior variedade e qualidade de produtos e ingredientes em um espaço reduzido. A gastronomia chinesa está ali muito bem representada, além de outras cozinhas pan-asiáticas, como a japonesa, a tailandesa, a cingapurense, a da Malásia, do Vietnan, do Camboja e a laosiana. Imperdível para quem curte a exótica gastronomia oriental, mesmo estando em outro continente. (www.visitbrisbane.com.au)
Se você perguntar a qualquer brasileiro qual a vista ideal para apreciar um belo pôr do sol e se refestelar com uma deliciosa refeição, 9 entre 10 dirão: a vista para o mar. Tudo bem, estou chutando esses números, não fiz nenhuma pesquisa a respeito, mas você, se pudesse escolher uma bela vista do pôr do sol e uma excelente refeição, escolheria o belo (mesmo!) skyline das grandes cidades ou um local paradisíaco? Claro que toda vista tem o seu charme, mas, se você é dos que curtem uma visão paradisíaca do oceano, com direito a uma hospitalidade descontraída, seu lugar na Austrália é o The Baths, em Sorrento, Victoria. As antigas termas proporcionam vistas deslumbrantes da baía de Port Philips. O lugar possui uma varanda enorme onde, no verão, os clientes se espalham para apreciar a vista – e a comida, é lógico – e, no inverno, nos dias mais frios, lareiras são acesas do lado de dentro, clima perfeito para degustar a moderna culinária australiana, em sua maioria frutos do mar. O restaurante fica na rodovia Point Nepean, 3278, pertinho do terminal de balsas Queenscliff-Sorrento. (www.thebaths.com.au)
O restaurante The Baths
Mesa posta no The Baths. Bela vista, bela comida!
O vale Barossa (pesquise em www.barossa.com), importante destino turístico australiano, com suas paisagens espetaculares e repleto de vinícolas, é obrigatório para os amantes de um bom vinho. Fica a 64 quilômetros da cidade de Adelaide, e suas estradas arborizadas e serpenteantes (o corretor aqui teima em me dizer que a palavra “serpenteantes” não existe, mas acredito que você deva ter entendido o que quero dizer) por encostas de vinhedos frutíferos –e floridos - são um espetáculo à parte. Entre vinícolas conhecidas em todo o globo, como Wolf Blass e Penfolds, muitas famílias possuem vinícolas pequenas, onde vendem seus produtos e promovem degustações e verdadeiras aulas sobre vinhos. Por exemplo: a Whistler Wines (www.whistlerwines.com) produz apenas 9 mil caixas de vinho ao ano, e 70% desta produção é adquirida pelos visitantes. Aos finais de semana, concertos de música ajudam a atrair turistas, imaginem só a cena: um lugar lindo, ótimos vinhos, música envolvente...quer mais? A casa-sede da família, com teto de zinco e sofás confortabilíssimos, fica aberta o tempo todo, permitindo ainda aos seus visitantes que desfrutem do gramado com guarda-sóis, mesas e cadeiras, onde podem degustar taças do excelente Reserve Shiraz, ou do frutado Audrey May Sémillion. Vida difícil...


Algumas fotos do belíssimo vale Barossa
A Rockford Wines (www.rockfordwines.com.au) ocupa um edifico de uma antiga olaria de 1857, e seu proprietário, Robert O’Callaghan produz vinho a partir das uvas de trinta cultivadores locais que usam métodos manuais com prensas artesanais e equipamentos seculares. Ali é produzido o melhor Shiraz da Austrália e, também, um vinho feito com uma uva não muito conhecida, a Alicante Boushet, que resulta em um tinto rose feito sem cascas – único lugar do mundo onde é encontrado. As vinícolas da região costumam ser generosas em suas degustações – gratuitas – e vendem também tábuas de queijos, aperitivos e vinhos em taças que, não raro, chegam a 15% de teor alcoólico. Melhor ir com algum amigo que não beba...difícil, né?

Então, faça as malas e atravesse o mundo rumo a este sensacional país, de povo acolhedor e que adora os brasileiros. Você vai se divertir, ver belas paisagens, comer (e beber) muito bem, e vai querer voltar. Depois, me conte como foi, combinado?

2 comentários:

  1. Espetacular o blog! Muito bem escrito, bom humor e receitas deliciosas!Comecei a ler e só consegui parar no último(Ou melhor no primeiro).Já esta nos meus favoritos. Parabéns, abraços Julio.

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    1. Muito obrigado pelas palavras. Palavras assim são boas de se ouvir (é que eu as leio em voz alta...) e me fazem seguir nesse rumo. Obrigado!

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