Depois
do Japão, a segunda seleção de futebol a se classificar para a Copa do Mundo em
terras tupiniquins em 2014 foi a seleção australiana (até o momento que escrevo
estas linhas, seleções campeãs mundiais como Argentina, Uruguai, França,
Inglaterra, Espanha, Alemanha e Itália ainda não carimbaram o passaporte para
nossa Copa Tropical. Questão de tempo, imagino...). E, sendo a Austrália um dos
destinos turísticos mais procurados pelos brasileiros, resolvi escrever um
texto com algumas dicas de lugares que você precisa conhecer se o seu destino
de férias (ou de trabalho, por que não?) for o maior país da Oceania. E que país!
Ultrapassando
a barreira dos 5 milhões de habitantes, Sidney é a maior cidade da Austrália (atenção: Sydney NÃO é a capital do país, e sim Camberra. Já me dei mal com uma questão assim num vestibular...) e,
como não poderia de ser, oferece uma gastronomia multicultural e fantástica. Restaurantes
excelentes se espalham por toda a capital australiana, todavia os melhores se
concentram no distrito comercial central, em The Rocks, perto do Cais Circular
e no Opera House. Paraíso gastronômico, seus chefs têm em mãos os melhores ingredientes
do mundo, como carne proveniente de bovinos alimentados à base de grãos e
pasto, cordeiros, aves caipiras, jacarés e, claro, cangurus. Mas, sem dúvida, a
marca gastronômica local são os frutos do mar.
Comece
seu roteiro gastronômico visitando o Mercado de Peixes de Sidney, em Pyrmont (www.sydneyfishmarket.com.au), que
vende peixes e frutos do mar provenientes de toda a Austrália. Obrigatórias são
as excursões matinais ao local que acontece às segundas e terças-feiras (é
necessário fazer reservas), e ao mercado de leilão holandês. Prove as ostras de
Sydney (conhecidas como ostras-da-pedra), os balmain bug (lagostins), as caranhas
(caranguejos australianos) e o salmão do Atlântico. No mercado você encontra restaurantes
simples e deliciosos de frutos do mar, e uma escola de culinária onde as aulas
são ministradas por chefs locais e internacionais.
Nos
arredores da ponte do porto de Sydney está o distrito The Rocks, onde você
encontrará um restaurante que é referência em frutos do mar há mais de três
décadas. Trata-se do Rockpool, do chef Neil Perry (www.rockpool.com). Por ali você também
encontra o restaurante Pier (www.pierrestaurant.com.au),
que serve, com criatividade e delicadeza, pratos à base de caranguejos, ostras,
vieiras e frutos do mar em geral. Prove a lagosta assada com limão kaffir e
manjericão e, para completar a experiência, peça um autêntico vinho branco
australiano. Se você quiser ousar um pouco mais e degustar uma culinária mais “moderna”,
vá ao Tetsuya’s, na rua Kent (www.tetsuyas.com),
conhecido por unir ingredientes japoneses preparados segundo a tradição
francesa. Imperdível ali é o confit de truta Petuna servido de konbu (alga) e
erva-doce. Na praia de Frenchmans, na baía Botany (nos bairros do leste), você
poderá provar uma refeição mais simples e tradicional, mas igualmente
deliciosa, como o clássico peixe com fritas. Para acompanhar, o pôr do sol do
outro da baía tornará sua experiência perfeita e inesquecível.
Salmão servido no Tetsuya's. Belo e saboroso! |
Ainda
em Sidney, outra parada obrigatória é a Glacé, famosa por suas sobremesas de
vanguarda preparadas com sorvete. Entre os ingredientes utilizados, você
encontra pétalas de rosa, fava de baunilha, pistache com morango e chocolate
belga. Não dá para ser melhor! A Glacé fica na rua Marion, 27, no bairro de
Leichhardt. (www.glace.com.au)
Em
Melbourne, cidade construída a partir de sucessivas levas de imigrantes gregos,
chineses, croatas, italianos, vietnamitas, indianos e libaneses, entre outros,
você encontrará mais um paraíso para qualquer apaixonado por gastronomia: o
Mercado Queen Victoria (www.qvm.com.au). Alojado
numa série de construções antigas no centro da cidade desde 1878, nele podem
ser encontradas delicatessens de altíssima qualidade – com bons preços -, e
produtos frescos em seus estandes, como queijos, frutas, vegetais, doces e
vinhos. O mercado abre às terças-feiras e de quinta à domingo. Verifique os
horários e reserve com antecedência uma “turnê” pelo mercado, que dura duas
horas e vale bastante a pena. A principal área de comida fica situada no
quarteirão entre a Elizabeth Street e a Queen Street. O que você não pode
perder ao visitar o Mercado Queen Victoria:
·
O Deli Hall (também chamado de Dairy
Produce Hall) é a parte mais aromática do mercado. São dezessete delicatessens
e estandes dedicados ao pão, azeite de oliva, queijos, vinhos, massas e café. É
a parte favorita entre os visitantes do mercado;
·
A Food Court é o local onde você pode
fazer uma refeição mais consistente ou um lanche rápido, e também levar a
comida para viagem;
·
O Meet Hall é onde você vai encontrar os
açougues e as peixarias, todas de excelente qualidade e
·
A Elizabeth Street Shops, um encantador
trecho do mercado repleto de cafés gourmets e vendedores em geral.
Também
em Melbourne está localizado o Colonial Tramcar. Trata-se de uma empresa
fundada em 1983, que resolveu montar seus restaurantes em elegantes bondes
vermelhos das décadas de 1920 a 1940. São revestidos com cobre e veludo e
passeiam (com jantares formais incluídos) pelos bairros e pelo centro da
cidade. A carne de canguru é destaque no cardápio e, dependendo de quanto você quer
jantar, o menu (a preço fixo) oferece três, quatro ou cinco pratos, com bebida
incluída. A dica é reservar com meses de antecedência e vestir-se com elegância.
(www.tramrestaurant.com.au)
Você
não pode sair de Melbourne sem antes conhecer o Titanic Theatre Restaurant. Seu
slogan? “O único lugar do mundo onde sua noite tem a garantia de ser um
desastre.” Achou estranho? Mas é fantástico! O restaurante recria o último
jantar a bordo do Titanic e, vestidos apropriadamente (há serviço de aluguel de
trajes), os passageiros, ou melhor, os convivas podem acomodar-se na primeira
classe, na terceira ou na mesa do capitão. O Titanic Theatre Restaurant abre
aos sábados, fica em Williamstown, a 30 minutos de trem da estação Flinders
Street. Para manter o espírito, artistas e músicos não deixam seu jantar
naufragar. (www.titanic.com.au)
O restaurante Titanic: sua noite será um desastre, e você vai gostar! |
Parte da "tripulação" do Titanic em ação. Descontração e boa comida. |
A
Chinatown de Manhattan, em Nova York, Estados Unidos, é com certeza o bairro
chinês fora da China mais conhecido em todo o mundo (mais até do que os bairros
chineses dentro da própria China – ou
você sabe me citar algum bairro originalmente chinês?!?). Mas existem
Chinatowns em diversas partes do planeta - Vancouver, Havana, Cingapura, São
Francisco, Londres, Manchester, Jacarta, entre outras cidades. Na Austrália,
você encontra uma espetacular Chinatown em Brisbane . Não é a maior nem a mais
antiga Chinatown do mundo, mas é a que oferece, talvez, a maior variedade e qualidade
de produtos e ingredientes em um espaço reduzido. A gastronomia chinesa está
ali muito bem representada, além de outras cozinhas pan-asiáticas, como a
japonesa, a tailandesa, a cingapurense, a da Malásia, do Vietnan, do Camboja e
a laosiana. Imperdível para quem curte a exótica gastronomia oriental, mesmo
estando em outro continente. (www.visitbrisbane.com.au)
Se
você perguntar a qualquer brasileiro qual a vista ideal para apreciar um belo pôr do sol e se refestelar com uma deliciosa refeição, 9
entre 10 dirão: a vista para o mar. Tudo bem, estou chutando esses números, não
fiz nenhuma pesquisa a respeito, mas você, se pudesse escolher uma bela vista
do pôr do sol e uma excelente refeição, escolheria o belo (mesmo!) skyline das
grandes cidades ou um local paradisíaco? Claro que toda vista tem o seu charme,
mas, se você é dos que curtem uma visão paradisíaca do oceano, com direito a
uma hospitalidade descontraída, seu lugar na Austrália é o The Baths, em Sorrento,
Victoria. As antigas termas proporcionam vistas deslumbrantes da baía de Port
Philips. O lugar possui uma varanda enorme onde, no verão, os clientes se
espalham para apreciar a vista – e a comida, é lógico – e, no inverno, nos dias
mais frios, lareiras são acesas do lado de dentro, clima perfeito para degustar
a moderna culinária australiana, em sua maioria frutos do mar. O restaurante fica
na rodovia Point Nepean, 3278, pertinho do terminal de balsas
Queenscliff-Sorrento. (www.thebaths.com.au)
O restaurante The Baths |
Mesa posta no The Baths. Bela vista, bela comida! |
O
vale Barossa (pesquise em www.barossa.com),
importante destino turístico australiano, com suas paisagens espetaculares e
repleto de vinícolas, é obrigatório para os amantes de um bom vinho. Fica a 64
quilômetros da cidade de Adelaide, e suas estradas arborizadas e serpenteantes (o
corretor aqui teima em me dizer que a palavra “serpenteantes” não existe, mas
acredito que você deva ter entendido o que quero dizer) por encostas de vinhedos
frutíferos –e floridos - são um espetáculo à parte. Entre vinícolas conhecidas
em todo o globo, como Wolf Blass e Penfolds, muitas famílias possuem vinícolas pequenas,
onde vendem seus produtos e promovem degustações e verdadeiras aulas sobre
vinhos. Por exemplo: a Whistler Wines (www.whistlerwines.com)
produz apenas 9 mil caixas de vinho ao ano, e 70% desta produção é adquirida
pelos visitantes. Aos finais de semana, concertos de música ajudam a atrair
turistas, imaginem só a cena: um lugar lindo, ótimos vinhos, música
envolvente...quer mais? A casa-sede da família, com teto de zinco e sofás confortabilíssimos,
fica aberta o tempo todo, permitindo ainda aos seus visitantes que desfrutem do
gramado com guarda-sóis, mesas e cadeiras, onde podem degustar taças do excelente
Reserve Shiraz, ou do frutado Audrey May Sémillion. Vida difícil...
Algumas fotos do belíssimo vale Barossa |
A
Rockford Wines (www.rockfordwines.com.au)
ocupa um edifico de uma antiga olaria de 1857, e seu proprietário, Robert O’Callaghan
produz vinho a partir das uvas de trinta cultivadores locais que usam métodos
manuais com prensas artesanais e equipamentos seculares. Ali é produzido o
melhor Shiraz da Austrália e, também, um vinho feito com uma uva não muito
conhecida, a Alicante Boushet, que resulta em um tinto rose feito sem cascas –
único lugar do mundo onde é encontrado. As vinícolas da região costumam ser
generosas em suas degustações – gratuitas – e vendem também tábuas de queijos,
aperitivos e vinhos em taças que, não raro, chegam a 15% de teor alcoólico.
Melhor ir com algum amigo que não beba...difícil, né?
Então,
faça as malas e atravesse o mundo rumo a este sensacional país, de povo
acolhedor e que adora os brasileiros. Você vai se divertir, ver belas
paisagens, comer (e beber) muito bem, e vai querer voltar. Depois, me conte
como foi, combinado?
Espetacular o blog! Muito bem escrito, bom humor e receitas deliciosas!Comecei a ler e só consegui parar no último(Ou melhor no primeiro).Já esta nos meus favoritos. Parabéns, abraços Julio.
ResponderExcluirMuito obrigado pelas palavras. Palavras assim são boas de se ouvir (é que eu as leio em voz alta...) e me fazem seguir nesse rumo. Obrigado!
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