domingo, 23 de janeiro de 2011

MAIS SOBRE MASSAS, UM PEDIDO DE DESCULPAS E UM RAVIOLLI DE LOMBO AO SUGO

Pouco tempo após eu postar o último artigo, sobre o macarrão, recebi um e-mail que me questionava a informação de que uma das razões do brasileiro gostar tanto de massas foi o grande número de imigrantes italianos que para cá vieram. “O macarrão, e as massas em geral, não são um invento italiano”, dizia o e-mail, com toda a razão. Em nenhum momento fiz esta afirmação, mas, se deixei esta impressão no ar, peço desculpas. Nada pior do que dar informação errada, ainda mais neste mundo virtual tão cheio mentiras, verdades, meias-verdades, meias- mentiras e teorias fantásticas.
 Realmente, a origem da massa é desconhecida e existem muitas teorias sobre qual teria sido o primeiro povo a aproveitar os cereais e confeccionar um tipo de massa culinária. Mas é inegável que foram os habitantes da bota européia os grandes difusores da iguaria pelo mundo, em seus diversos formatos e seus muitos molhos característicos, como o molho de tomate – o tomate é oriundo das Américas, mas ninguém antes dos italianos soube aproveitar tão bem o produto – e divulgá-lo. Como a história da origem da massa parece fundir-se com uma nova visão do homem, que deixava de ser nômade, começava a organizar-se em cidades e passava a plantar e criar animais em lugares fixos, é provável que nunca se chegue a uma conclusão definitiva sobre qual povo foi realmente o “inventor” do alimento, todavia temos que dar um mérito todo especial ao povo italiano, que soube compreender sua importância não só na alimentação de sua população, mas também na cultura do país.
A história da massa tem início na época em que o homem deixa de ser um ser errante e nômade, e passa a se estabelecer em locais fixos. Embora não seja uma data precisa, pode-se afirmar que esta mudança teve início há aproximadamente 7.000 anos. Aos poucos, o homem foi se transformando de ser apenas apropriador daquilo que a natureza lhe oferecia para se tornar também agricultor, cultivando, entre outras coisas, cereais, e entre estes, o trigo. O macarrão surgiu tão logo o homem se deu conta que podia moer alguns tipos de cereais, e que, ao misturá-los com água, podia obter uma massa que podia ser cozida ou assada.
Ao longo dos séculos, muitas lendas surgiram tentando explicar o aparecimento das massas. O que sabemos de concreto é que os gregos e etruscos já conheciam alguns tipos de massa muitos anos antes do nascimento de Cristo. Existem relatos e textos antigos de assírios e babilônios sobre a existência de uma pasta cozida a base de cereais e água, cuja data remonta a 2.500 a.C. A versão mais aceita pelos historiadores sobre quem seriam os verdadeiros “pais do macarrão” faz referência aos árabes, que o teriam levado à Sicília no século IX quando conquistaram a maior ilha italiana.
A massa mais antiga de que se tem notícia comprovada foi descoberta em 2005 por arqueólogos chineses. Eles encontraram em Lajia, na China, um fio de 50 centímetros com cerca de 4 mil anos. Na Roma antiga, século VII antes de Cristo, comia-se uma papa de farinha cozida em água chamada pultes. Quando acrescentada de legumes e carne era chamada de puls púnica; com queijo fresco e mel, era chamada de puls julia.

Umas das primeiras indicações de algo parecido com macarrão remonta ao primeiro milênio a. C.: é o laganon grego ou laganum latino, citado por Apício em seu De Re Coquinaria”, do séc. IV d.C., o primeiro texto de gastronomia conhecido. Uma outra referência ao macarrão cozido está no Talmud de Jerusalém, o livro que traz as leis judaicas do século V antes de Cristo. O itriyah dos antigos hebreus era uma espécie de massa chata usada em cerimônias religiosas.
Em 1279, o tabelião genovês Ugolino Scarpa redigiu um testamento em que um velho marinheiro deixava aos seus herdeiros uma “bariscela plena de macarronis”, isto é, uma barrica cheia de macarrão. Esta data é importante porque desfaz o mito de que Marco Pólo teria levado o macarrão da China, na volta de uma de suas viagens, no ano de 1295, dezesseis anos depois, portanto, da data em que foi lavrado o testamento.
Enfim, esse é um assunto super interessante e merecedor de excelentes livros que você encontra nas livrarias. Aproveitando que estamos falando sobre massas, vou colocar aqui as fotos de um ravióli de lombo desfiado ao sugo, que fiz aqui em casa para aproveitar as sobras de um delicioso lombo assado...pois é, nem só de escondidinhos vivem as sobras!! Para quem não acompanha o blog, no artigo abaixo ensino a fazer massa caseira, ok? Abraços!!
Na foto acima, os ingredientes para a massa e o molho. Na foto abaixo, a massa pronta, antes de ser embalada e levada à geladeira (repare nos pontos vermelhos e verdes na massa: eu coloquei pimenta calabresa e folhas de manjericão picadas):
Depois de 1 hora na geladeira, abri a massa e preparei o recheio de lobo desfiado. Nas próximas duas fotos, a massa aberta, e depois os quadrados de massa recheados e já fechados em formato de raviolli:
 

E depois, o momento mais aguardado...cozido o raviolli, terminado o molho, ralado o queijo parmesão, era só devorar!! Se ficou bom? Ficou ótimo, só falta você fazer...
Bom apetite!! Abraços!!

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