domingo, 17 de abril de 2011

PERU PARA TODOS OS GOSTOS

Em português, “peru” pode ter diversos significados. Se você é louco por futebol, ao ler a palavra “peru” já imagina uma falha incrível do goleiro (do time adversário, de preferência. Neste caso, também é feita alusão a outro animal: o frango). Se você é católico e glutão, ao ouvir “peru” já lembra logo da ceia de Natal, familiares e amigos reunidos em torno da mesa para devorar o pobre bicho (acompanhado de Champagne, bien sûr...). Até mesmo o órgão sexual masculino é chamado de “peru” quando somos mais jovenzinhos: “A bola bateu no peruzinho dele, coitadinho...” (também neste caso o frango é lembrado, porém em sua fase mais jovem: o pintinho). Não é sobre nada disso que vou escrever hoje – ainda bem!

Um peru sendo "preparado" na última Copa do Mundo...
       Hoje vou escrever sobre o Peru – o país, destino turístico de milhares de brasileiros que retornam encantados com a cultura, com o povo, os costumes, os animais exóticos, as paisagens, a história e, certamente, com a gastronomia peruana. Uma grande amiga minha, de mais de vinte anos, está morando agora no Peru, em um local maravilhoso que, infelizmente, conheço apenas pelas fotos postadas por ela no facebook. Fernanda, que é seguidora deste blog, me cobrou uma postagem sobre o país em que ela agora decidiu amarrar seu bode – ou seria sua lhama? Mas e você, o que você conhece do Peru?
A lhama, animal típico peruano: será que a carne é boa?!?
Bom, todos conhecemos (se não pessoalmente, ao menos por revistas e/ou jornais) os lugares turísticos peruanos, como Macchu Picchu e Cuzco, já lemos histórias fantásticas sobre a civilização Inca, já vimos imagens aéreas das enigmáticas imagens no solo peruano (seriam mesmo os deuses astronautas?) e, se você gosta um pouco de gastronomia, com certeza conhece o ceviche, um clássico no país andino. Mas a gastronomia peruana é muito rica e vai além, muito além do ceviche (que eu adoro!Falaremos sobre ceviches mais adiante.).
Macchu Picchu: destino turístico imperdível!
Vista aérea de um dos desenhos de Nazca: mistério.
Reza a lenda que os peruanos aprenderam a cozinhar com as técnicas e as artes dos próprios deuses. Há séculos, quando os deuses estavam criando o Peru, resolveram fazer uma pausa na criação do país para que os homens pudessem se alimentar. Para esta tarefa, enviaram Chiwake, um semideus em forma de colibri, porém muito distraído e brincalhão. Chiwake tinha uma tarefa simples: deveria apenas levar aos homens uma panela mágica, da qual sairiam os pratos mais saborosos, suculentos e delicados, tudo já preparado. Distraído que era, Chiwake perdeu a panela e, para evitar levar uma bronca digna dos deuses, decidiu ele mesmo ensinar aos homens como preparar os alimentos, selecionar os ingredientes, combinar sabores, aromas e temperos, como controlar o fogo, as diferentes formas de cozimento, as maneiras harmoniosas de apresentar os pratos, enfim, todos os segredos de seus “superiores”. E foi assim que o povo peruano aprendeu todos os truques e manhas da cozinha dos deuses.
Existem, no mundo todo, 104 diferentes tipos de ecossistema. Destes, 84 podem ser encontrados no Peru, agrupados em 3 grandes regiões: a costa, a serra (os Andes) e a selva (Amazônia). Na costa são encontradas mais de mil espécies comestíveis de peixes e frutos do mar, como a lagosta, a corvina e o linguado. Da serra, são aproveitados na gastronomia a batata, o milho, o ají (um tipo de pimenta) e a carne de um animalzinho parecido com o porquinho-da-índia, o cuy. Finalmente, da selva, os peruanos aproveitam a carne de caça e os peixes dos rios, geralmente acompanhados de mandioca e banana.
A pimenta ají: diversas cores e formatos.
A batata tem papel de destaque na culinária peruana: são mais de 4 mil tipos do tubérculo, das mais variadas cores (brancas, negras, diversos tons de amarelo), tamanhos, formas e consistências. Como não poderia deixar de ser, também no Peru a gastronomia é resultado de uma fantástica mistura de culturas diversas. Influências árabes foram levadas pelos escravos que acompanhavam os descobridores espanhóis, que por sua vez também contribuíram para enriquecer a culinária local, combinando seus temperos e aromas com o que os indígenas e incas já preparavam. Dá para imaginar a riqueza desta cozinha...
Não deixe de experimentar pratos típicos com sabores originais como a pachamanca (um dos emblemas da cozinha peruana), a maca, a chirimoya, a camote, o camu camu e o yacón. E, claro, os já citados ceviches. Os chilenos disputam com os peruanos sobre quem faz o melhor ceviche, que nada mais é do que uma saborosa mistura de peixes e frutos do mar (geralmente a corvina), que são servidos sem qualquer cozimento, marinados em limão-siciliano, limão-galego, cebola e pimenta ají. Uma delícia, imperdível em qualquer canto do planeta! As variações também são excelentes: ceviche com camarão, lula, polvo, vieiras, mexilhões, caranguejo e os mais diversos tipos de peixe de carne branca. No Peru, normalmente o ceviche é servido com grãos de milho tostados (chamados cancha) e uma porção da marinada restante em um pequeno copo.
Clássico peruano: ceviche.
Para terminar esta breve viagem ao país andino, falta falar sobre a bebida original do Peru, motivo de orgulho entre seus habitantes: o pisco. Trata-se de uma aguardente de cor pálida, base do famoso pisco sour. O pisco é elaborado a partir de uma única espécie de uva, geralmente a Quebranta tinta (que foi introduzida pelos espanhóis), e tem teor alcoólico que varia de 19% a 23%. Existem piscos aromáticos elaborados com moscatel e outras uvas verdes, e a capital do pisco no Peru é o vilarejo-oásis de Ica, a 320 km de Lima. Se você tiver a oportunidade de visitar o local, não deixe de ir até Huacachina, um verdadeiro oásis, com uma paisagem de tirar o fôlego, que inclui um lago que causa um impacto indescritível e tranqüilizador.
O oásis de Huacachina ao anoitecer: paisagem fantástica e tranquilizadora
Mas não deixe para depois para provar as iguarias peruanas. Pesquise, compre produtos originais (hoje você encontra praticamente de tudo, até mesmo pela internet) e elabore suas receitas. E prove – com moderação – o pisco. Saúde, e bom apetite! E faça como minha amiga do Peru: dê suas sugestões sobre postagens, diga sobre o quê gostaria de ler aqui no blog, certo? Abraços a todos!

3 comentários:

  1. Adorei Edu, aqui estou eu, 'a cobradora', rs...

    Bueno, não tenho o talento, tampouco o dom do nosso Chef Eduardo ao escrever e ao cozinhar, mas sim, nos conhecemos há muito tempo e as recordações são as mais divertidas, positivas possíveis, um gentleman, alguém que se pode confiar até sua alma, caso seja preciso. Enfim, deixando a admiração, o amor e a seda de lado:

    Eu vivo em Lima há quase dois anos, e realmente o país me surpreendeu e tem me fascinado dia-a-dia, não só pela culinária, mas também pelas cidades, alguns costumes, cultura, cidades e sua história instigante, que quase sempre não temos certeza da origem, como monumentos foram feitos, muita coisa não há comprovação e aumenta nosso deslumbramento. Alguns bairros aqui de Lima são lindos, eu vivo em Miraflores, limpos e as pessoas são muito educadas, em alguns lugares, como fazer sua caminhada à beira do Pacífico e receber “Buenos dias” de alguns turistas, pessoas que cuidam dos jardins, seguranças. De uma maneira geral, as pessoas são bem solícitas e querem te deixar à vontade, mas jamais espere que sejam pontuais, rs. Eles tomam seu “desayuno” tarde, almoçam mais tarde ainda e são bem alegres e dispostos.

    O Centro histórico é bonito e vale a pena conhecer. Pachacamac é um lugar bem cerimonial, construído ao Deus do mesmo nome e agregado depois ao povo Inca e suas tradições. São ruínas e vale muito a pena conhecer. Catedral, Plaza de Armas e Plaza del amor são imperdíveis.

    As praias são lindas, mas deve-se ter cautela e ir com alguém que conheça. Descobri que o Pacífico é muito gelado e altamente perigoso, mas não menos envolvente. Conheci algumas delas, como Punta Negra, Punta Hermosa, Punta Rocas, Paracas, quase todas destinadas ao surf, mas cuidado com a temperatura da água, rs. Em Paracas, uma península, conheci as “Ilhas Ballestras”, que parece mais um zoológico incrível, onde a paisagem e a fauna fascinam. Logo no início do passeio me deparei com o “Candelabro”, que é um desenho feito numa duna de areia, e claro, sua origem ainda é inexplicável e um mistério até para os nativos, existe uma quantidades astronômica de teorias, mas ninguém conclui, de fato, até porque os guias dizem que o mais aceitável é que seria um signo de nazca, mas só pode ser visto pelo céu e pela água. Bizarro, se não fosse mágico. Durante o passeio até chegarmos nas Ilhas, podemos observar muitos gaviões, gaivotas, pelicanos e lobos do mar a qualquer canto, brincando e posando para fotos. Os “Pinguins de Humboldt”, acredito, se não estou equivocada, é a única espécie de pingüins na América do Sul, ele vive somente no Chile e no Peru.

    Nazca conhecerei agora na Semana Santa, é famosa por seus misteriosos símbolos feitos no chão do deserto, depois volto pra contar, também fica perto dessa região e só pode ser vista por avião.

    Outro ponto interessante: o clima. Aqui não chove, a umidade é altíssima e tudo influenciado pela “Corrente de Humboldt”, que vem da Antártida e claro, faz a temperatura ficar mais baixa. Interessante é o “gris”, a chamada corrente cinzenta que de repente vem do pacífico e entra pelas janelas e fica tudo nublano, como o fog londrino. A temperatura média é sempre entre 20 a 25 graus, de maneira geral, com oscilações no inverno e verão.

    Outra dica: os táxis aqui são muito baratos e há um monte deles, Negocie, pechinche, “regateie” muito como dizem aqui, nas lojas também, e combine o preço de fora do táxi. Não sei o que passa, mas aqui eles cobram barato, dão mil voltas, não sei a razão até hoje para chegar ao destino. Ah, o trânsito, esse merece um capítulo, rs. No começo, é engraçado, depois ficamos curiosos, mais tarde é algo insuportável. Buzina aqui deve custar muito barato, porque há pouquíssimos semáforos, eles não respeitam seta e buzinam 90% do tempo em que dirigem. Uma lástima, rs


    Grande beijo,

    Fernanda Angeluci

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    1. Obrigado pelos elogios, Fernanda! Ainda preciso conhecer o Peru, seus sabores e encantos...um abraço!!

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  2. A culinária é um assunto amplo e merece mais dedicação. Ainda elaborando aqui e postarei mais tarde!

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